Após 12 anos de políticas públicas contra o desmatamento e o avanço na floresta nativa Amazônica, desmatamento volta a crescer e preocupar o Brasil.
A Floresta Amazônica é uma floresta equatoriana e latifoliada que cobre a bacia amazônica, ou seja, faz parte do bioma irrigado pelo rio principal, o Amazonas, e seus 1.100 afluentes. Ela se estende por cerca de 5,5 milhões de quilômetros quadrados (5.500.000 km²), abrangendo os países: Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Em nosso país, ela está presente em diversos estados: Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins – e por questões político-econômicas foi criada a divisão da Amazônia Legal, em 1966, junto ao projeto de Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM).
Lar de grande biodiversidade, o ecossistema amazônico tem destaque mundial em variedade de espécies de plantas e animais. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) são cerca de 1.300 espécies de aves, 3.000 de peixes, 300 de mamíferos, entre outros animais e 40.000 espécies de plantas. Além do conjunto de fauna e flora presente na Floresta, algumas pesquisas indicam a presença do ser humano nos territórios da grande floresta há 14.000 anos, segundo as hipóteses da Teoria de Bering. Os primeiros povos instalados na floresta se organizaram, desenvolvendo sociedades através da agricultura e manejo adaptado na floresta densa. Tais povos já viviam na Amazônia cerca de dois mil (2.000) anos antes da chegada dos europeus.
Toda essa cultura humana, sobrevivente até hoje com os povos indígenas nativos da região, essa diversidade cultural e biológica, vem sendo ameaçada pelo avanço descontrolado em território florestal pela economia, principalmente agropecuária. Dados apontam que o desmatamento aumentou 34% no período de julho 2019 a julho de 2020. No período de setembro de 2019 a setembro de 2020 houve um alerta de desmatamento de 8.547,8 km², de acordo com dados do TerraBrasilis, uma área de tamanho próximo ao da região metropolitana de Belo Horizonte.
Essa coleta e análise de dados é feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) por duas vias: o Deter, que faz análise em tempo real e divulga os dados semanalmente pelo sistema TerraBrasilis, e o sistema PRODES, que divulga as taxas finais em um relatório anual, calculadas através desta coleta de dados.
Esse monitoramento da Floresta Amazônica feito pelo governo federal auxilia diversas frentes que lutam pela preservação da diversidade biológica e cultural do ecossistema amazônico. Estas vão desde órgãos governamentais, como o ICMBio, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). ou mesmo o Instituto Mamirauá, às não-governamentais, como a Equipe de Conservação da Amazônia (ECAM), o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) ou a Fundação Amazonas Sustentável (FAS). Além das diversas unidades acadêmicas de pesquisa de universidades públicas federais e estaduais que prezam pela preservação da unidade florestal, sua biodiversidade e a cultura dos povos indígenas e população local.
O monitoramento
A preocupação com um ecossistema tão rico para a diversidade do país, necessitou de intervenção pública para frear o desmatamento e o avanço dos latifúndios em território de floresta nativa amazônica. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais produz, desde 1988, relatórios anuais sobre os avanços do desflorestamento.
Através do uso de satélites internacionais, parcerias com programas espaciais estrangeiros feitas pelo governo brasileiro ao longo desses 30 anos de monitoramento, o programa PRODES “tem demonstrado ser de grande importância para ações e planejamento de políticas públicas da Amazônia” (INPE).
Os dados coletados pelo INPE, através do uso das fotografias de satélites no projeto DETER, são disponibilizados para o público no portal TerraBrasilis.
No gráfico pode-se observar as taxas de desmatamento desde 1988. A partir de 2004, quando foi criado o Plano para Controle do Desmatamento Ilegal e Recuperação da Vegetação Nativa, nota-se um início de decréscimo no desflorestamento. Ao final de 2014 e início de 2015 a linha volta a subir, atingindo em 2019 o maior valor desde 2009.
Os avisos de desmatamento são fornecidos pelo projeto DETER. O gráfico mostra um aumento do desmatamento entre maio e junho de 2020. De acordo com o projeto, no período de um ano foram desflorestadas 3.982 km².
A Amazônia foi, desde a chegada dos povos europeus, submetida a um esquema de invasão e extração de suas terras, apagamento cultural das nações que ali viviam e da tomada de sua riqueza natural para o consumo. Sistematicamente, as culturas indígenas, cabocla e de comunidades negras foram “dando” espaço ao progresso econômico e ocupações em nome da ordem e desenvolvimento na década de 1960. A permanência da mentalidade de substituição das culturas nativas pela integração da terra para o sistema econômico e a retirada dos povos nativos é o ponto chave da degradação cultural e, como ferramenta deste sistema, o desmatamento. Seja aplicado pela ocupação do garimpo, pelas não-delimitações das fronteiras agrícolas e pecuárias, as extrações minerais, o cultivo desenfreado e não planejado, o sistema de degradação da Floresta Amazônica acaba com a biodiversidade e coloca em risco as vidas humanas de povos nativos através das mais diversas formas de agressão e promove, assim, o apagamento cultural lento e gradual de outra riqueza presente na Amazônia.
De acordo com dados do Programa das Nações Unidas pelo Ambiente e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (PNUMA/OTCA), são aproximadamente 200 mil pessoas, de 420 povos diferentes, falantes de 86 línguas nativas da Amazônia que têm, ao longos dos anos, sua terra natal e a terra de seus antepassados usurpada em nome do progresso econômico descontrolado.
Além da cultura que vai sendo apagada, inúmeras espécies de vegetais e animais nativos perderam seu território acabando por ter sua população diminuída, se tornando endêmicas e entrando em extinção.
É estimado que dentro do bioma amazônico existam entre 10 e 50 milhões de espécies de plantas e animais espalhados em floresta tropical úmida, dominante na região, savanas, florestas de montanha, florestas abertas, florestas de várzea, pântanos, florestas de bambus e de palmeiras.
A preservação
É evidente que, sustentando cerca de 20% da biodiversidade do mundo, além das culturas nativas, se torna imprescindível a preservação e o controle do ecossistema amazônico. Apesar da degradação das políticas públicas de manejo, fiscalização e uso do território florestal, é importante que toda a população fique atenta, que se faça a fiscalização do governo de forma a impedir o acabamento e extinção da Floresta Amazônica e todos – humanos, vegetais e animais – que ali habitam e que dependem do equilíbrio ecológico para suas vidas.
Assim como a Orquestra Parque Escola Sagrada Geração preza pela preservação da fauna e flora dentro de ambientes urbanos e áreas de preservação natural, reforçamos que dar a devida atenção ao assunto é função primordial na sustentação da vida em comunidade e preservação das riquezas naturais de nosso bairro, nossa cidade, nosso país e planeta.
Veja também no nosso Instagram @orquestrasagradageracao algumas espécies da fauna e flora amazônica em extinção. E acesse também os links abaixo.
Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/publicacoes/publicacoes-diversas/livro_vermelho_2018_vol1.pdf
INPE: http://www.inpe.br/
Portal de Dados do TerraBrasilis: http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/